Como é se sentir sozinho,
isolado, sem amigos? Como é se sentir invisível?
Para Charlie não é nada fácil.
No filme As Vantagens de Ser Invisível Charlie (Logan Lerman) nos conta sua
história através de cartas enviadas a um desconhecido (que poderia ser eu ou você),
as vezes triste as vezes alegre. Ele é um menino entre seus 15 e 16 anos que
acaba de entrar para o ensino médio, mas tem uns fantasmas para superar: sua timidez,
suas inseguranças, a depressão desenvolvida após o suicídio do seu melhor amigo
e, por isso, o que lhe causa maior tristeza é a solidão, não poder fazer
parte de uma turma, não ter com quem sentar no refeitório, nem com quem dividir
seu gosto por literatura e música. Além de tudo isso Charlie carrega consigo um
tráuma e uma culpa enorme que o leva a um comportamento suicida. No entanto,
Charlie não quer que seus mais de 3 mil dias de aulas restantes sejam sempre
tão solitários. Porque Charlie deseja, acima de todas as coisas, companhia.
As coisas começam a mudar para
ele quando Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson) cruzam o seu caminho e são
capazes de oferecer a Charlie tudo aquilo que ele tanto almejava.
Patrick é gay, namora um jogador
de futebol americano que não quer assumir o relacionamento.
Sam, menina bonita, por vezes
ingênua, com um passado meio promíscuo e que segundo Charlie não se dá o valor
que merece.
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Emma e Logan deixando Hermione e Percy para trás |
Com essa amizade Charlie passa
curtir essa fase vida, e junto com ele passamos a presenciar momentos
iluminados e de beleza simples e encantadora. Charlie dá o
primeiro beijo, se apaixona a primeira vez, se droga, vai a festas e faz tudo
que não seria possível fazer sozinho.
O longa ganha muito pontos pelo
elenco. O trio principal está incrível e rola muita química entre eles. Logan
Lerman segurou bem esse personagem tímido e que carrega tanta dor consigo. Emma
Watson, linda para variar, surge encantadora e dá um frescor a sua
interpretação que torna impossível não se apaixonar por Sam. Por último, mas
não menos importante, Ezra Miller impecável – repare nele na cena da peça
teatral. O filme ganha mais pontos ainda no que tem de melhor: o roteiro
escrito pelo diretor Stephen Chbosky baseado no livro homônimo também de sua
autoria. Os diálogos do filme são um primor e de uma profundidade raramente
encontrada em filmes desse tipo.
Agora pergunto a você: será que
não existe em alguma parte sua um pouco do Charlie? Será que você também não
deseja as mesmas coisas que ele? Porque em mim há sim!
Sou
como Charlie, preciso de amigos para me sentir vivo e parte do mundo.
Amizade, aquele sentimento que
estranhamente nos faz sentir inteiros, completos – ou como diz Charlie – nos
faz sentir infinitos. Amigos são aqueles que mesmo sem saber nos serve de apoio
para que não caiamos no abismo que se encontra em nosso interior, sejam aqueles
amigos bem próximos, aqueles que vemos diariamente, aqueles que não vemos com
tanta frequência, os amigos virtuais, os amigos que não conhecemos – como o
destinatário das cartas de Charlie.
Poucas foram as histórias que me
tocaram e me marcaram tanto, na qual agora se inclui As Vantagens de Ser
Invisível. E isso aconteceu pela forma tão sensível com que temas tão fortes
foram tratados: drogas, sexo, homossexualidade, descobertas, medos, traumas,
mas principalmente a amizade. Amei o filme, ele já é de longe um dos meus
preferidos. Há muito tempo não ficava tão comovido e enternecido por uma história.
E ao final descobrimos,
juntamente com Charlie, as vantagens de ser notado. As vantagens de ser visto.
Bem-vindo à turma!
“Eu sei que tem pessoas que dizem que essas coisas
não acontecem, e que isso serão apenas histórias um dia. Mas agora nós estamos
vivos. E nesse momento, eu juro. Nós somos infinitos.”
Trecho
retirado do filme
The
Perks of Being a Wallflower (EUA, 2012). Drama, romance. Cor. 102 min.
Direção: Stephen Chbosky.
Elenco: Logan Lerman, Emma Watson, Ezra Miller.
Notas: IMDb 8.4 em
10, Metacritic 67 em 100