Todos querem seus 15 minutos de fama e fica cada vez mais fácil conseguir isso, basta se tornar mulher fruta, entrar para algum reality show, tirar a roupa em local público ou postar um vídeo no youtube. Estamos na era da fama efêmera, aquela que some da mesma forma que apareceu, sem deixar rastros ou saudades. A supervalorização das celebridades (muitas vezes subcelebridades) é uma máquina rápida e que gera muito dinheiro.
E é isso que o filme Chicago traz a tona, mesmo se passando na década de 20 sua história talvez nunca tenha sido tão atual. Chicago conta a história de Roxie Hart (Renée Zellweger), uma mulher ingênua que sonha em ser uma famosa vedete, mas acaba assassinando o amante mentiroso, que prometia a ela mundos e fundo, mas não passava de um charlatão que queria apena leva-la para a cama. Roxie então é levada a uma penitenciaria feminina sob a direção de "Mama" Morton (Queen Latifah), uma mulher totalmente subornável. No mesmo pavilhão em que Roxie é colocada se encontra uma famosa vedete da época, Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones), que foi presa ao matar a irmã e o marido depois de um flagrante de infidelidade. Velma, assim como muitas celebridades, sente-se no direito de ter tratamento especial pelo simples fato de ser famosa. Com a ajuda de mama e do advogado canastrão Billy Flinn (Richard Gere) Roxie, em uma tentativa de mudar a opinião popular e a livrar da forca, utiliza a imprensa para criar uma imagem favorável, tornando-a uma celebridade instantânea e adorada pelo povo. Para horror de Velma que vê sua popularidade cair drasticamente.
Ao transformar uma assassina em celebridade o filme nos questiona: será que celebramos as pessoas pelos motivos certos? Posso afirmar que não. Por mais talentoso que seja uma pessoa, quase nunca a valorizamos por isso, gostamos sim do produto criado pelo marketing, pela publicidade e pela mídia. Roxie e Velma que o digam.
Chicago venceu 6 Oscars, melhor atriz coadjuvante, figurino, direção de arte, som, edição e melhor filme- prémio este que um musical não vencia desde 1968, no entanto ele só foi possível devido ao sucesso de Moulin Rouge, que foi responsável por trazer de volta a vida os grandes musicais. O melhor do filme, é claro, são os números musicais principalmente os realizados pela Catherine Zeta-Jones, que está deslumbrante, dá um show, canta muito e dança muito e se mostrou a escolha certa para interpretar Velma, uma mulher talentosa, arrogante e muito sexy que depois de viver o auge da carreira passa por uma má faze. Catherine é responsável pelos meus dois momentos preferidos do filme: a abertura com And All That Jazz e Cell Block Tango. Gosto bem pouco dos números musicais da Renée Zellweger, sou implicado com sua voz pouco potente e anasalada, creio que haveriam atrizes melhores para o papel, até porque Renée não é lá um símbolo de beleza com aquele rosto sempre inchado. E não gosto dos números protagonizados por Richard Gere me incomoda tudo a dança e a voz (verdade seja dita que nenhum dos protagonistas chegou a surpreender e dar show como Nicole Kidman e Ewan McGregor em Moulin Rouge). O filme peca pelo roteiro pouco consistente devido ao grande número de canto e dança, que nem sempre agrega valor ao enredo, mas ganha pontos ao conseguir encaixar a parte musical de forma natural e sem quebrar o ritmo ou fazendo parecer forçada, as performances se passa na mente da protagonista Roxie onde tudo, aos seus olhos, faz parte de um show.
Conquistar a fama a todo custo se tornou algo tão natural a nós que nem questionamos mais a validade, a ética ou a moral de quem faz sucesso. E o que vemos hoje é que para se fazer sucesso é preciso cada vez menos escrúpulos, não só no mundo do entretenimento, mas também em carreiras corporativas. Como diz o slogan do filme: Se não conseguir a fama, seja infame.
“Sou sua amiga. Se algo lhe desagradar ou estiverem infelizes não encham meus ouvidos. Não estou nem aí.”
Trecho retirado do filme
Chicago(EUA, 2002). Musical. Cor. 109 min.
Direção: Rob Marshall.
Elenco: Catherine Zeta-Jones, Richard Gere, Renée Zellweger e Queen Latifah.
Notas: IMDb 7,2 de 10
Filme digno, post mais digno ainda..
ResponderExcluirTambém amo a visão artística da Roxie, vendo números e espetáculos em sua vida, c'est magnifique.
Amei o post mesmo Bruno, parabéns ^^
Amei
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