sábado, 22 de outubro de 2011

A Identidade Bourne


Um homem é encontrado inconsciente no mar por um barco pesqueiro, com ele só ferimentos de balas e uma capsula com uma senha de banco da Suíça alojada em seu quadril. O náufrago acorda e não consegue se lembrar quem é, de onde veio ou o que estava fazendo para ser alvejado desta forma, mas descobre possuir talentos na área de luta, línguas (em uma cena memorável em que ele trava um diálogo consigo mesmo em frente a um espelho em inglês, alemão e francês) e auto defesa. Deixando-o, assim, mais intrigado sobre qual é sua real identidade. Ao chegar em terra firme ele embarca para Suíça a fim de verificar o que aquela senha guarda para ele. Para sua surpresa o cofre guardava passaportes de vários países, dinheiro, arma e um monte de apetrechos no mínimo incomuns para uma pessoa normal. Ele descobre, ao menos é o mais provável, que se chama Jason Bourne americano e mora em Paris, ao chegar no consulado americano de Zurique e fazer uma fuga espetacular ele conhece Marie, que por precisar muito de dinheiro, aceita os 20 mil dólares oferecido por Jason para leva-lo a Paris. O rastro de Bourne rapidamente chega a Langley, Virginia – EUA, sede da CIA onde está baseada uma operação clandestina chamada Treadstone, da qual Jason era o principal agente. Enquanto Bourne e Marie lutam para fugir do radar na França, Treadstone concentra todas as suas forças para segui-los e neutralizar Bourne da maneira mais rápida e eficiente possível.

Este é um breve resumo deste filme de ação dirigido por Doug Liman e que trouxe novidades para este estilo carente de novidades e revolucionou os filmes de espionagem. As cenas de perseguição de carros são incríveis, assim como as lutas muito bem coreografadas, estes dois se tornaram a marca registrada da franquia sem perder, claro, a coerência da história.

O filme também foi todo filmado na Europa, fato que dá um charme especial a produção e torna a trama internacional mais interessante.

Mas o principal do filme, é claro, é o astro Matt Damon sempre com uma interpretação segura, confesso que sou suspeito para falar assim afinal ele é meu ator preferido - sou muito fã tenho a filmografia dele toda e claro a partir de hoje vocês irão vê-lo muito por aqui - na atuação ele faz as transições entre os momentos de ação, suspense e de emoções mais profundas, como quando ele quer proteger as crianças, de forma convincente e nada afetada. Acho injusto ele nunca ter ganhado um Oscar de Melhor Ator - ele já tem Oscar pelo roteiro original do filme Gênio Indomável em parceria com o amigo Ben Affleck. Matt usou pouquíssimo dubles no filme tendo feito quase todas as senas de luta e de perseguição. Sua química com Franka Potente (Marie), seu par romântico na película, é inegável, daqueles que você torce por um final feliz.

É engraçado tomar consciência de uma coisa depois de ter visto este filme tantas vezes como eu vi, o fato de que o que motivava Jason a lutar e a querer se livrar do seu passado e seguir em frente com outra vida e com o poder de decidir o que fazer dela, não era só porque ele tomou consciência disso. Mas, e principalmente, porque agora ele teria com quem viver, com quem dividir a vida – por mais clichê que pareça e realmente é – era isso que dava forças a ele, alguém que passou por tanta coisa junto com ele, que viu as coisas horríveis que ele era capaz de faze e que soube sentir um calor por baixo daquela aparente frieza. Jason Bourne queria uma vida por ele e por Marie. E acredite é melhor ninguém se entrepor entre os dois, porque querido, ele sabe bater, e muito bem.

“Como posso esquecer de você? É a única pessoa que conheço.”

Trecho retirado do filme

The Bourne Identity (EUA, 2002). Ação. Cor. 118 min.
Direção: Doug Liman.
Elenco Matt Damon, Franka Potente, Chris Cooper, Julia Stiles, Clive Owen, Brian Cox.

Notas: IMDb 7.8 de 10 Metacritic 68 de 100

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Divinos Segredos


Histórias de mães e filhas têm-se aos montes, tanto no cinema quanto na Tv, e esta aqui infelizmente é só mais uma não traz nada de original nem revolucionário. Apenas uma filha que não compreende a mãe e vice-versa.

Em Divinos Segredos Sandra Bullock é Siddalee uma expoente dramaturga prestes a estrear uma nova peça na Broadway estraga sua relação com a mãe ao conceder uma entrevista a revista Time em que deixa a entender, e a jornalista completa, que sua mãe era meio desequilibrada e por isso não mantinha um a relação saudável com os filhos, principalmente na infância. Ao ler a entrevista Viviane Abbott (Ellen Burstyn) mãe de Siddalee, fica possessa e inicia uma batalha com a filha para ver qual das duas pratica o ato de maior desprezo (via correio) contra a outra. Para acalmar os ânimos de ambas entram em cena três velhas senhoras (as ótimas Fionnula Flanagan, Shirley Knight e Maggie Smith) amigas de Viviane, que juntas formam a Irmandade Ya-Ya para elas a única maneira de fazer com que mãe e filha voltem às boas é fazer com que Siddalee conheça a fundo o passado de sua mãe.

Daí o título do filme Siddalee passa a desvendar os segredos que cercam a vida de sua mãe para assim conseguir compreende-la, acredite os segredos nem são tão divinos assim. Principalmente o maior de todos os segredos, aquele que explicaria tudo e faria entrar tudo nos eixos, que no final das contas é apenas a revelação de que Viviane conviveu por muito tempo com uma crise nervosa. Resolver tudo com uma doença, neste caso, foi tão simplista e evasivo que não causa comoção, isso na verdade era bem previsível mas passei o filme todo torcendo para que o grande segredo me surpreendesse, não foi o que ocorreu.

O que eu espero ao assistir um filme sobre crises familiares é a cartasse, aquele momento de alívio emocional uma descarga de choro que acontece muito intensa e se vai rapidamente, em Divinos Segredos isso ameaçou acontecer várias vezes, mas o nó na garganta logo se dissipava me deixando só na vontade mesmo. Por isso, por muitas vezes, o filme se tornava chato. Ver tantos flashbacks deixou a história com aquele ar de quem disse muito, mas não chegou a lugar nenhum.


“Não se chega a lugar algum tendo medo o tempo todo”

Trecho retirado do filme


Divine Secrets of the Ya-Ya Sisterhood (EUA, 2002). Drama. Cor. 116 min.
Direção: Callie Khori
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Elenco: Sandra Bullock, Ellen Burstyn, Fionnula Flanagan, Shirley Knight e Maggie Smith.

Notas: IMDb 5.5 de 10 Metacritic 48 de 100


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Um Verão Para Toda Vida

O verão é sempre retratado como uma época de descobertas, de felicidades e brincadeiras não é diferente em Um Verão Para Toda Vida (December Boys) filme com Daniel Radcliffe fora da cinesérie Harry Potter (ele gravou este filme entre o HP 4 e HP 5) e baseado no livro de mesmo nome do autor Michael Noonan. Nele quatro garotos de um orfanato católico todos eles nascidos em dezembro recebem como presente de aniversário um viagem para o litoral, atravessando o árido interior australiano até chegarem ao oásis do melhor momento da vida deles até alí.

Maps (Radcliffe), Spark (Christian Byers), Misty (Lee Cormie) e Spit (James Fraser) chegam ao litoral e se encantam com o que veem, para eles que estavam acostumados com a clausura impostas pelas freiras do orfanato aquelas primeiras férias da vida deles ganham toques místicos, eles realmente estavam no paraíso, e mais o maior sonho deles está prestes a se realizar, pois um casal (Sullivan Stapleton e Victoria Hill) que não podem ter filhos vislumbram naqueles quatro jovens a possibilidade de formar uma família, desta forma eles passam a competir para ver qual deles leva a melhor na escolha dos possíveis papais.

A partir deste momento somos apresentados a personagens inesquecíveis, como deve ser as pessoas que conhecemos nas férias, e passam a viver experiências para toda uma vida e a lidar com coisas que eles nem sonhavam no longínquo orfanato, como: a morte, o primeiro amor, a perda da inocência e da virgindade, a perder e a ganhar, o valor da amizade e dos amigos de verdade, mas principalmente perceber o colorido que a infância tem e que quando todos vão embora se perde.

A fotografia do filme, sob responsabilidade de David Connell, é belíssima mesmo, colorida, solar e realça toda a beleza do lugar e das pessoas que lá estão. O elenco também é ótimo, das crianças aos adultos mais velhos, todos se encaixaram certinho nos personagens. O filme tem alguns problemas de edição e de continuidade, mas que, se você não prestar atenção passam despercebidos.

Na época de lançamento teve uma grande repercussão o fato de o personagem de Daniel Radcliffe perder a virgindade em frente às câmeras e assim Daniel passaria de criança a adulto no imaginário das pessoas (isso te lembra Britney e Sandy? Então), mas a cena é leve e não tem nada de mais, chega a ser casta (eles nem tiram as roupas).

Se você ficou curioso e pretende ver o filme e ler o livro saiba que eles apresentam algumas diferenças significativas, desde coisa simples como o nome do orfanato, até o personagem Maps, interpretado por Daniel, que no filme é mais velho do que no livro e por isso vive experiências diferentes, a principal mudança está na abertura e no desfecho da história. É uma história simples sobre um verão, quatro crianças, uma forte amizade, mas é daquelas histórias que cativam.

“As angustias e as alegrias do mundo ficam melhores compartilhadas”

Trecho retirado do filme

December Boys (Austrália, EUA, Inglaterra, 2007). Drama. cor. 105 min. Warner Bros.
Direção: Rod Hardy.
Elenco: Daniel Radcliffe,
Christian Byers, Lee Cormie, James Fraser, Sullivan Stapleton, Victoria Hill, Teresa Palmer.

Notas: IMDb 6.6 de 10, Metacritic 56 de 100

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Cidadão Kane

Muitos consideram este o melhor filme já feito, para outros, isto não passa de exagero. Mas uma coisa é certa ele é tão grandioso quanto o homem que é mostrado na história.
Charles Kane Foster é um poderoso empresário que morre em seu castelo Xanandu e que antes de morrer pronuncia uma única palavra: “rosebud”. Porém ninguém sabe o que isso quer dizer. Um grupo de jornalistas ao realizarem um documentário sobre ele, sentem a necessidade de saber mais sobre este homem e tentar descobrir qual o significado da última palavra dita por Kane em vida. A partir daí um repórter passa a visitar pessoas que conviveram com Kane para tentar descobrir o que é “rosebud”. Ao levar a cabo as entrevistas ele passa a conhecer mais sobre as historias particulares e o que aconteceu nos bastidores da vida pública do homem que queria virar presidente dos Estados Unidos. Este filme de 1941 é considerado um marco do cinema moderno, porém antes de falar sobre os aspectos técnicos do filme quero falar sobre duas coisas que o filme aborda.
O primeiro é sobre a imprensa marrom, na época de lançamento do filme o magnata da imprensa americana William Randolph Hearst quis provocar o seu cancelamento, pois segundo ele a história era baseada na vida dele, fato nunca confirmado por Orson Welles (diretor, roteirista e protagonista da película) principalmente no que dizia sobre sua conduta profissional e sobre as estratégias utilizadas em seus jornais, como a fabricação de notícias ou divulgado apenas o que lhe interessava, conseguindo através disso a manipulação da massa pelos meios de comunicação.
A segunda é sobre homens poderosos: Orson Welles mexeu com um e aparentemente não foi muito bom para os negócios, pois Randolph Hearst fez uma grande campanha contra o filme que refletiu na aceitação do filme na época. Quanto ao homem poderoso mostrado no filme ele não se diferencia dos que apareceram antes dele, nem dos que vieram depois, egoísta, focado na aquisição de bens, carente por afeto e amor, mas incapaz de sentimentos recíprocos e que querem única e exclusivamente realizar suas vontades e desejos, bem hedonista mesmo, seja construindo um teatro ou um castelo com o maior zoológico particular do mundo (assim como Randolph Hearst). Quase sempre acabando suas vidas sozinhas e só aí dando valor ao que perderam da vida. Outro poderoso homem que teve seu nome relacionado a este filme e seu personagem central foi Roberto Marinho no documentário "Muito Além do Cidadão Kene", feito por uma TV britânica e que compara Kane ao fundador da TV Globo.
E Terceiro, mas nem por isso menos importante, as várias qualidades do filme, vamos começar pelo tratamento dado aos planos de filmagem. Orson Welles utiliza uma técnica chamada deep focus (foco profundo) em que todos os planos, primeiro, segundo e terceiro, são nítido e visíveis em qualquer cena e por isso ganham importância ao não serem desfocados, preste atenção nas cenas que tem uma janela (quando Kane criança brinca na neva do lado de fora da casa dos pais), este recurso e lindo e dá relevância a todas as cenas e ações que acontecem nela. Ainda sobre os enquadramentos temos a utilização do plano capturado de baixo pra cima, que deixam as pessoas maiores em relação ao senário, utilizado principalmente quando o diretor queria mostrar a imponência ou o ego de Kane. Este tipo de enquadramento também trouxe pela primeira vez o teto dos senários para o cinema, mostrando que a iluminação pode vir de outro lugar que não o teto, ponto para o diretor de fotografia pelo belíssimo trabalho. A maquiagem também merece nota, pois como o filme acompanha Kane desde criança até a velhice para não trocarem os atores eles passaram por um processo de envelhecimento que me surpreendeu, uma vez que o filme é de 1941. Mas o que mais chamou a atenção na época de lançamento foi o modo não linear que a história é contada, inusual para a época, uma linguagem super moderna. Tudo isso comandado por Orson Welles, que assumiu a direção, a produção, o roteiro e a atuação, quando tinha apenas 25 anos, depois de ter causado pânico em Nova York com a leitura do livro "A Guerra dos Mundos" na rádio e os ouvites pensarem que era real.
Cidadão Kane concorreu a 9 Oscars nas categorias de melhor ator (Orson Welles), melhor direção de arte preto-e-branco, melhor fotografia preto-e-branco, melhor diretor, melhor montagem, melhor trilha sonora, melhor filme e melhor som e levou o prêmio em Melhor Roteiro.
Curiosidade: Rosebud era como Randolph Hearst chamava o clitóris da sua amada.
“Ele consegui tudo que ele queria e depois perdeu. Talvez rosebud seja algo que ele queria, ou perdeu. Nenhuma palavra pode explicar a vida de um homem.”
Trecho retirado do filme

Citizen Kane (EUA, 1941). Drama. P&B. 119 min. Warner Bros.
Direção: Orson Welles.
Elenco: Orson Welles Joseph Cotten, Dorothy Comingore, Agnes Moorehead.
Notas: IMDb 8.6 de 10