Charles Kane Foster é um poderoso empresário que morre em seu castelo Xanandu e que antes de morrer pronuncia uma única palavra: “rosebud”. Porém ninguém sabe o que isso quer dizer. Um grupo de jornalistas ao realizarem um documentário sobre ele, sentem a necessidade de saber mais sobre este homem e tentar descobrir qual o significado da última palavra dita por Kane em vida. A partir daí um repórter passa a visitar pessoas que conviveram com Kane para tentar descobrir o que é “rosebud”. Ao levar a cabo as entrevistas ele passa a conhecer mais sobre as historias particulares e o que aconteceu nos bastidores da vida pública do homem que queria virar presidente dos Estados Unidos. Este filme de 1941 é considerado um marco do cinema moderno, porém antes de falar sobre os aspectos técnicos do filme quero falar sobre duas coisas que o filme aborda.
O primeiro é sobre a imprensa marrom, na época de lançamento do filme o magnata da imprensa americana William Randolph Hearst quis provocar o seu cancelamento, pois segundo ele a história era baseada na vida dele, fato nunca confirmado por Orson Welles (diretor, roteirista e protagonista da película) principalmente no que dizia sobre sua conduta profissional e sobre as estratégias utilizadas em seus jornais, como a fabricação de notícias ou divulgado apenas o que lhe interessava, conseguindo através disso a manipulação da massa pelos meios de comunicação.
A segunda é sobre homens poderosos: Orson Welles mexeu com um e aparentemente não foi muito bom para os negócios, pois Randolph Hearst fez uma grande campanha contra o filme que refletiu na aceitação do filme na época. Quanto ao homem poderoso mostrado no filme ele não se diferencia dos que apareceram antes dele, nem dos que vieram depois, egoísta, focado na aquisição de bens, carente por afeto e amor, mas incapaz de sentimentos recíprocos e que querem única e exclusivamente realizar suas vontades e desejos, bem hedonista mesmo, seja construindo um teatro ou um castelo com o maior zoológico particular do mundo (assim como Randolph Hearst). Quase sempre acabando suas vidas sozinhas e só aí dando valor ao que perderam da vida. Outro poderoso homem que teve seu nome relacionado a este filme e seu personagem central foi Roberto Marinho no documentário "Muito Além do Cidadão Kene", feito por uma TV britânica e que compara Kane ao fundador da TV Globo.
E Terceiro, mas nem por isso menos importante, as várias qualidades do filme, vamos começar pelo tratamento dado aos planos de filmagem. Orson Welles utiliza uma técnica chamada deep focus (foco profundo) em que todos os planos, primeiro, segundo e terceiro, são nítido e visíveis em qualquer cena e por isso ganham importância ao não serem desfocados, preste atenção nas cenas que tem uma janela (quando Kane criança brinca na neva do lado de fora da casa dos pais), este recurso e lindo e dá relevância a todas as cenas e ações que acontecem nela. Ainda sobre os enquadramentos temos a utilização do plano capturado de baixo pra cima, que deixam as pessoas maiores em relação ao senário, utilizado principalmente quando o diretor queria mostrar a imponência ou o ego de Kane. Este tipo de enquadramento também trouxe pela primeira vez o teto dos senários para o cinema, mostrando que a iluminação pode vir de outro lugar que não o teto, ponto para o diretor de fotografia pelo belíssimo trabalho. A maquiagem também merece nota, pois como o filme acompanha Kane desde criança até a velhice para não trocarem os atores eles passaram por um processo de envelhecimento que me surpreendeu, uma vez que o filme é de 1941. Mas o que mais chamou a atenção na época de lançamento foi o modo não linear que a história é contada, inusual para a época, uma linguagem super moderna. Tudo isso comandado por Orson Welles, que assumiu a direção, a produção, o roteiro e a atuação, quando tinha apenas 25 anos, depois de ter causado pânico em Nova York com a leitura do livro "A Guerra dos Mundos" na rádio e os ouvites pensarem que era real.
Cidadão Kane concorreu a 9 Oscars nas categorias de melhor ator (Orson Welles), melhor direção de arte preto-e-branco, melhor fotografia preto-e-branco, melhor diretor, melhor montagem, melhor trilha sonora, melhor filme e melhor som e levou o prêmio em Melhor Roteiro.
Curiosidade: Rosebud era como Randolph Hearst chamava o clitóris da sua amada.
“Ele consegui tudo que ele queria e depois perdeu. Talvez rosebud seja algo que ele queria, ou perdeu. Nenhuma palavra pode explicar a vida de um homem.”
Trecho retirado do filme
Citizen Kane (EUA, 1941). Drama. P&B. 119 min. Warner Bros.
Direção: Orson Welles.
Elenco: Orson Welles Joseph Cotten, Dorothy Comingore, Agnes Moorehead.
Direção: Orson Welles.
Elenco: Orson Welles Joseph Cotten, Dorothy Comingore, Agnes Moorehead.
Notas: IMDb 8.6 de 10
você tem ese filme pra me emprestar? quero muito ver!! meu professor recomendou na aula.
ResponderExcluirNossa esse filme está na fila dos que devo ver!!!
ResponderExcluirMais um clássico pra lista dos que ainda quero ver.
ResponderExcluirTambém quero ver.. me emprestaaa.. aquele do Unipam não roda.. =[
ResponderExcluir