Rachel vai casar e a família está toda reunida cuidando dos últimos preparativos para a festa, o tempo está favorável ao casal, porém uma área de instabilidade se aproxima com o nome de Kym, que depois de algum tempo internada em uma clinica para dependentes químicos volta pela primeira vez para casa. Então preparem se que conflitos estão prestes a desaguar nesta família. E acreditem, eles não são poucos.
O filme mostra com extremo realismo que a família não é capaz de perdoar tudo e que algumas feridas não se cicatrizam e por este motivo é tão fácil abrir velhas feridas novamente. Mostra também que o amor nem sempre cura tudo. E é Kym a responsável por cutucar estas feridas de forma direta e consciente e até mesmo sem fazer nada, apenas por estar ali, sua simples presença já causa desconfortos, principalmente por questões mal resolvidas entre ela, sua irmã e seus pais. Isto porque enquanto ela estava internada certas coisas não precisavam ser revividas e a fuga realizada por eles funcionava perfeitamente bem, menos claro para Kym cujos feitos do passado (que não revelarei aqui para não estragar sua sessão de filme) sempre estarão presentes.
Sua volta pra casa representa a retomada de problemas e embates entre os integrantes desta família. Sinceramente não consigo entender qual das duas irmãs é mais narcisista e egoísta, se é Rachel que não consegue entender os problemas de Kym e prefere sempre sair pela tangente ou se sobressair sobre a irmã com seus feitos, sua gravides e seu casamento, se Kym que apesar de enfrentar um tratamento poderia sim ter sido mais compreensiva com sua irmã, afinal a festa era para Rachel. Kym ainda briga com o pai devido ao excesso de cuidado e o controle sufocante, ganha um soco da mãe por questionar algumas verdades, bate o carro, quase volta a beber e transa com o padrinho do casamento.
Várias das críticas que li na época do lançamento do filme (ele é de 2008) diziam que Kym era antipática e chata. Eu discordo, não sei se por gostar muito da atriz Anne Hathaway, que inclusive concorreu ao Oscar por este papel, em que alias está perfeita suportando toda a carga dramática da história nos ombros, ou por ter me afeiçoado realmente à personagem de imediato e comprado à briga por ela (detesto a irmã, Rachel).
O diretor Jonathan Demme (de O silêncio do Inocentes) entrega ao público um filme extremamente bem feito e intrigante, por exemplo, a câmera está sempre em movimento acompanhando os personagens, remete muito aquelas filmagens de casamento convencionais, parece que você está assistindo o filme de casamento da sua prima. Outra coisa muito legal é a trilha sonora “ao vivo”, explico: as músicas são tocadas por um grupo contratado para tocar na cerimónia e estão sempre por ali afinando seus instrumentos ou ensaiando e seu som chega pelas janelas e portas abertas.
É um filme que realmente vale ser visto, seja pela profundidade e complexidade psicologia dos personagens, seja pela história de um roteiro muito bem escrito seja pela direção delicada nos mínimos detalhes.
O que eu tiro do filme é que em conflitos familiares não falar sobre algo não o tornará menos real e não significará que certos fatos não aconteceram e que controlar não significa ajudar e proteger. Mas que no final de tudo as pessoas sempre acham seu equilíbrio, afinal assim é a família: a arte de conviver entre conflitos cheios de raiva e ternura cheios de amor.
“A medida de uma grande vida não é o quanto você é amado, mas o quanto você ama os outros”
Trecho retirado do filme
Rachel Gettin Married (EUA, 2008). Drama. Cor. 114 min. Sony Pictures.
Direção: Jonathan Demme.
Elenco: Anne Hathaway, Rosemarie DeWitt, Mather Zickel, Bill Irwin, Anna Deavere Smith, Anisa George, Tunde Adebimpe, Debra Winger, Jerome LePage, Beau Sia, Dorian Missick, Kyrah Julian.
amigo, eu comentei aqui ontem, porque o comentário não saiu?
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