segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Cine Majestic



Sabe quando você quer mudar de vida? Viver a vida de outra pessoa? E se isso acontecesse? E se isso acontecessesem você querer? E mais e se você nem se lembrasse que já viveu de um modo diferente, em um lugar diferente e com pessoas diferentes? Você conseguiria saber quem é? E sua essência, se perderia ou continuaria lá?


É isto que o personagem de Jim Carrey tenta responder durante o filme Cine Majestic, que conta a história de Peter Appleton um jovem roteirista de Hollywood com a carreira começando a deslanchar, namora uma atriz também em inicio de carreira, mas vê tudo isso ruir quando passa a ser alvo da perseguição marcatista, que era a caça aos comunistas nos EUA. Acusado de partilhar e fazer parte de um partido comunista secreto ele perde o emprego e a namorada e resolve afogar suas magoas na bebida. Ao sair do bar dirigindo ele sofre um acidente cai em um rio, bate a cabeça e acorda no outro dia em uma praia e sem memória. O homem que o encontrou o leva para Lawson, uma pequena cidade da Califórnia, onde é confundido com Luke Trimble, um jovem que havia desaparecido depois da Segunda Guerra e tinha sido dado como morto.


Luke é o filho de Harry dono do cinema local, o Cine Majestic, que se encontra em situação precária. O Cine Magestic é utilizado como metáfora às pessoas da cidade, uma vez em que elas também se encontram em situação tão lamentável quanto o cinema: com a moral baixa devido as perdas dos filhos no combate na Europa.

Quando, quem eles acreditam ser Luke volta pra cidade, todos enxergam nele uma nova esperança, a recompensa por tanto tempo de luto e tristeza. E toda a cidade espera muito dele, esperam que ele retome o namora com a filha do médico, que ele se lembre dos amigos que ficaram, que ele toque piano como tocava antes, mas principalmente que ele seja a mesma pessoa corajosa e altruísta que ele era antes. E sem questionar, ele se coloca nestes papeis que tem como maior exteriorização a restauração e a reabertura do Cine Majestic. O cinema fica tão lindo e brilhante como as pessoas que lá vivem.

Neste momento já começamos a nos perguntar: e se ele recuperar a memória? E se os habitantes desta pequena cidade descobrirem que ele realmente é? O que vai acontecer? E mais uma vez retornamos as perguntas do início deste post: até que ponto permanecemos nós mesmos? Bem, segundo o filme o lugar, as pessoas e a situação tem o poder de nos fazer mudar e assumir certos papeis necessários à comunidade. Isso também pode ser visto em menor escala em grupos de amigos, sempre tem o mais engraçado, o mais educado, o mais responsável, o mais bonito e por aí vai.

Muitas criticas do filme dizem que ele exagera no patriotismo americano, isso não chegou a me incomodar no filme, por isso dizem que gosto é igual c* cada um tem um. Afinal o filme foi feito nos EUA quem vocês queriam que eles enaltecessem se não eles mesmos, né?


Tecnicamente o filme é impecável, a iluminação é belíssima, a fotografia primorosa, todos os enquadramentos são muito bem realizados mostrando todos os planos de forma linda. Ponto também para a direção de arte com a ótima ambientação dos anos 50. E destacando-se mais uma vez em um papel dramático Jim Carrey nos entrega uma interpretação limpa e profunda.

E no meio disso tudo podemos ainda redescobrir a magia que é o cinema, mesmo que ele não seja tão majestoso quanto o da cidadezinha de Lawson.

“Siga em frente, aproveite sua vida, para que a minha tenha sentido”

“Espero que chequem a ortografia. A gente sempre erra alguma coisa”

Trecho retirado do filme

The Majestic (Cine Majestic )(EUA, 2001). Drama. Cor. 153 min. Warner Bros.
Direção: Frank Darabont.
Elenco: Jim
Carrey, Martin Landau, Laurie Holden.

Um comentário:

  1. não consigo imaginar Jim Carrey em um filme sério... mas fiquei bastante curiosa com esse, já quero ver!

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